sábado, dezembro 26, 2009

Só sentir



Não sei nada.

Porque não sei.

Porque não posso saber,

Simplesmente.


Sentir?

Penso sentir.

Mesmo o que não sei,

mesmo não sabendo que sinto.

E mesmo, por vezes, sabendo

que nada igualmente sinto.


Mas nada não sei.

Nem tão pouco

que estar ausente é sentir,

que presente foi ontem

e que futuro é hoje.

E que somos,

afinal,

só sentir.

domingo, dezembro 06, 2009

minha


Que paz?

Se só na inexistência,

tudo existe,

e é!


A dor inaudita,

insensitiva sofreguidão,

o perene instante,

parcial eterno,

as totalidades fugazes,

nadas de tudos,

unicos que me são.



Que paz?


Se a tranquilidade,

é a que me dás,

no veludo vermelho,

dum cálice,

de mudez,

cegueira e surdez.

Na ausência

de todos os instantes,

na eterna presença

de cada ausência.


Só minha.

sábado, novembro 28, 2009

ora é


A cada fracção,
no todo sempre.
Na infíma parte,
de cada respirar,
na integra,
de cada descontruir,
fecho nada,
em cada fôlego,
tensamente,
e na saciedade,
dum punho,
disperso,
de míngua
de serenidade,
nos traços,
suaves,
da memória,
da rudeza doce,
que ausência
e tormento
ora é.

terça-feira, novembro 10, 2009

Ou não

No horizonte,
de penumbra,
qual insanidade,
que já é,
nada sobrou,
ou ficou.
Da impressão,
que o tempo marcou,
tudo nada ficou.
Que não o paladar,
à luz duma temperança,
que a ilusão,
agridoce,
sempre parece,
e és.
Queiras,
ou não.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Sabor

Penso,
penso que sei,
mas sei que não sei.
Sinto,
mas só sonho.
Lembro,
mas só vejo.
Teu perfil,
à mingua
das minhas mãos,
e ao veludo
do teu sabor.

domingo, outubro 04, 2009

Ausente


Qual som,
inaudito,
a chuva que chapinha,
ao sabor do vento,
na rudeza da janela,
na crueza do silêncio,
dormente,
presente que é
e finge embalar.
Qual surdo,
desalmado,
ausente,
que silentemente recolhe
a voz doce desse piano,
ao calar-se.

domingo, setembro 20, 2009

Só no plural


Dias a fio,

hoje e ontem,

e antes de ontem,

tanto mundo

te segredaria,

infinito sentir

te velaria,

aninhando,

em silêncio,

e no torpor,

à luz,

azul celeste

que me anima,

do raiar

dos teus olhos.


No amanhã

de hoje e de ontem,

jamais.

Singular que és.

E se até o tango

só no plural embala.

sábado, setembro 19, 2009

E pareces


Na crueza,
na frieza,
no devaneio,
na ausência,
e na cegueira
e insensatez,
continuas.
A perdurar,
qual seiva,
venenosa,
doce,
e irresistível,
fonte insane,
de loucura
e sabor.
Assim és,
e pareces.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Não conjugo


Não te conjugo,
tempo verbal.
Quase adivinho,
teus passos adocicados,
no chapinhar da maresia,
nús de secura,
carência húmida de sal,
sabor perene,
sede infinita.
Quase prescruto,
teus sussuros,
que tudo expressam,
mas não falam,
e tudo me dizem,
já saudade.
Quase tacteo,
nas pontas dos olhos,
qual virgem pele,
sôfrego sentir,
sereno esgar,
minha paz,
já adormecida.
Sem tempo,
só modo há,
e por verbal seja,
não me conjugo.

sábado, setembro 05, 2009

Não terei


Já antes,
sou.
Já depois,
serei.
E presente,
qual volúpia,
agridoce,
ausência,
imagem,
esculpida,
de ânsia,
e menta,
não terei.

segunda-feira, agosto 31, 2009

sexta-feira, agosto 28, 2009

E não parece

Gosto.
Detesto.
E volto a gostar.
E volto a detestar.
E desdenho,
e volto a desdenhar,
ansia,
que inerte pareças.
Tempestade,
tormento
e bonança,
de finitude,
que plenitude é,
e não parece.

quarta-feira, agosto 26, 2009

É



Queria.
E queria muito.
Amornecer.
Mergulhar.
Circunscrever.
A tangibilidade,
que me não é.
E inteligir,
o que é.
Sofregar,
que nada,
nada é,
e nada será.
E que,
na insignificância
e inutilidade,
que sempre me cabe,
nada sou.
Nada serei.
Agora!
E jamais,
desvario,
que me é.

sábado, agosto 22, 2009


O sangue,
desse olhar,
feito perfume,
de veludez,
já esquecida,
de azul,
total,
marinho
mascavado,
a chocolate,
não corre,
já.

Nas veias,
Já só
corre,
cansado,
um incomensurável
ardor,
de maresia,
infinita
presença,
eterno
sobressalto.

Qual veneno,
agridoce,
que dá vida
e mata.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Pelo menos


Quedo-me.
Mudo,
Cego,
Invisível,
Intangível,
Intáctil.
Surdo.
Quedo-me.
Na luz,
de vazio,
que é.
No horizonte,
meu refém.
Totalidade
de nada,
que consome
e vida não dá.
Quedo-me,
à distância,
dum olhar,
À penumbra,
dum esgar,
ao embaraço,
passado,
que presente é.
Quedo-me.
Para não ser.
Na aparência,
Pelo menos.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Que não sou


Pensei,

E jamais,

podia!


Ousar,

qual vertigem,

infinita

e total,

que desnuda,

sem mácula

indolor,

o oceano,

de sal,

que sou.


E que

se desfaz,

paulatinamente,

no mar

de luz,

que não sou.

sábado, agosto 08, 2009

Que te sei



Não sei.

Simplesmente.


Se tanto luar,

cálido sabor,

intemporal,

imperdível

azul,

cristalino,

imenso,

é.


Ou se

só e simples

delírio

é.


Não sei.

E por isso

já penso.
Que te sei.

sábado, agosto 01, 2009

Sempre

Pure_Jamie_2_ darkmatterzone

Cândidamente pura,
Cristalina.
Eternamente perene,
Total.
Intensamente frágil,
Tangível.
Duradouramente irrepetível,
Doce.
Presente infinito,
Saudade.

Quero mais,
Só assim.
A cada instante.
E sempre.

domingo, julho 26, 2009

No meu Ser

Anton Volkov Atelier das Artes

Incomensurável,
já indolor.
Total,
sem penumbra.
Da inutilidade
que já és,
só a solidão do silêncio
te segue,
qual cão fiel.
E a ausência
te queima,
deita por terra
a vertigem e veludez,
dum sussuro,
irrespirável,
inaudível.
Pleno,
assim brotará,
selvagem,
a bruma da tempestade,
que bonança é,
Tudo.
No meu Ser.

sábado, julho 18, 2009

À luz

eyes by 121an

À luz desse olhar,


tudo se desnunda


e tudo se encobre,


docemente.


Como tudo se revela


e tudo mistério é,


infinitamente.


Em tons de cetim,
e de seda,

No veludo desse arfar.

domingo, julho 12, 2009

É assim.

K.M. by Borissov devianART

Como dois caminhos,
sinuosos e paralelos,
que se cruzam,
em choque.


Como um corte,
simétrico,
que resvala,
e esquarteja.


Como uma lágrima,
que se evapora,
retendo-a,
reprimindo.


Como um suspiro,
mudo e quedo,
que esmaga,
doendo.


Como um sorriso,
cândido e sereno,
que amargura é,
e saudade
já não consegue ser.


Como uma quentura,
na pele divina,
que só silêncio é,
numa imensidão.


Como um sopro,
aos teus olhos,
ou um toque
em pele de safira,
que solidão amedronta.


O fim da linha.
É assim.

quarta-feira, julho 01, 2009

Sem palavras

Kit-A Atelier da Artes


Sem palavras.

Nenhumas.

E sem sombra de alguma.


Na tormenta do silêncio,

Na saudade de que me ausento,

Na certeza do incerto,

No vazio que me preenche,

Nada mais resta.


Nada mais,

Que não uma ténue sombra,

de um candelabro,

fumengante e frio,

que baçamente te ilumina.

Surda e cegamente,

na luz do que já não sinto,

e no arrepio que me minto.

sábado, junho 13, 2009

Luz é!

Jarek Kubicki - Atelier das Artes


Agora,
que palavras
o vento as levou,
presas indefesas,
no cárcere do silêncio,
Anseio tas silabar,
e soletrar.

Num murmúrio
de doce arrepio,
Na melodia,
Brisa amordecida,
Cadente,
Suspiro perene.
No som,
Gracejo ardente,
Na penumbra,
Olhar e vida,
Que Luz é!
E me dás.

sábado, abril 11, 2009

Lembra-te!

Lembra-te!

No limbo
Da Noite
E da Lua.
Na instante voragem,
Do dia e do Sol,
que morre,
Lembra-te!

Lembra-te,
que não existo,
E que não perduro.

Lembra-te,
que não existirei,
E que não perdurerei,
Nunca.

Não jamais!
Para além,
De um suspiro mais,
No infinito
Da minha Lembrança.
E na finitude
Do meu querer,
Que perene julguei,
E eterno me é.

Lembra-te!
Do arrepio.
E da vertigem,
Que fomos,
E juramos ser.

Lembra-te!
Dos tons,
E das cores,
Das áleas
Da aparência,
Ao meu olhar.

Lembra-te!
Pelo menos,
Para que
exista!
..
foto: Rogério Freitas Sousa

domingo, fevereiro 15, 2009

Serei?

mirror lake RobiNZ


Serei?

Acaso saberei,
E acaso serei,
O que não posso saber
E não posso ser?

Acaso,
Exausto,
como estou,
Adivinho que desistência é,
Arrepiar caminho sou
E penumbra,
sem luz e maré,
Serei?

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