sábado, novembro 22, 2008

Se cego serás?



Diz-me o vento,
Ufano e seco.
Nega-me a brisa,
Suave e dormente.

Murmura-me,
No raiar.
E segreda-me,
No entorpecer.

Borbulha-me
No ir e voltar,
Despedeça-me
No estar.

Mas ó vento,
Brisa que és,
E tormenta
Que serás,
que me podes dizer?

Se quedo estás,
Se mudo és,
Se cego serás?

segunda-feira, novembro 10, 2008

sexta-feira, outubro 10, 2008

No sorriso e quietude da lembrança, bem haja Poesia Portuguesa!

No teu nome.

Na fúria,
prazer.
Na incerteza,
crueza.
Na saudade,
presença.
No alcance,
lembrança.
No silêncio,
suor.
No abafo,
arrepio.
Na voragem,
lágrima.
Na ansiedade,
desdém.
Na distância,
silêncio.
Na incerteza,
seda.
No suspiro,
azul.
Conjugo.
Tudo.
No teu nome.

terça-feira, agosto 26, 2008

Forjei-me!


Da tua maresia,
feita sabor.
Da tua saudade,
maldição.
Ansiedade,
esgar que é.


De ferro esculpido,
aço inamovível.
E intemporal.


Na resistência
da tormenta.
No horizonte,
no princípio
e no fim,


Inquebrentável,
una,
plena,
total.

Forjei-Te!

À imagem
da sombra,
da memória.
À semelhança
da luz,
e da negra ilusão.

Afinal,
não Forjei-Te.
Engano meu,

Forjei-me!

sexta-feira, julho 25, 2008

Afinal.

Claudia Perotti Multiply


Tudo será.

A tua sede
sedosa pele,
a tua vertigem
gélido calor.
o teu anseio
negro desdém.

Tudo persiste ser.

O teu sentir,
perfume ausente,
o teu vislumbre
cega visão.

A ser, nada será.

Na penumbra
e no limbo,
vou acreditar,
Afinal.

segunda-feira, julho 14, 2008

Que jamais existiu.

foto daqui.

Aveludado.
Suspenso.
Imberbe.
Assim, desnudei-te.

Num oceano de espinhos,
Sem dó,
sem piedade.
Por mim.

Na seda e nos nós
de certezas,
e ilusões.
Fi-lo.

Mas desnudar-te,
à distancia de um olhar,
é nada!
E olhar-te nada é!

Na eternidade do perene,
nunca me cruzei
com a tua saciedade,
feita fome e sede.

Desnudei-te,
no tactear aveludado
dos meus dedos
e no arrepiar
das minhas unhas.

Sofrível inverdade:
esses dedos são de fel.
E tais unhas, lâminas.
Só matam.
A ansiedade,
feito olhar,
Que jamais existiu.

sábado, maio 31, 2008

Sou nada.
Como nada sempre fui.
À luz dos teus devaneios,
o que era não é,
o que seria nunca será.

Sou nada.
E nada serei,
por mais tempos imundos me vejam,
por mais evidências que cegue.

Nada sou.
Nada quero.
Nada sonho.
Nada desejo.
Não sou.
Pois.

quinta-feira, maio 15, 2008

sábado, maio 03, 2008

Não deixou.

stop ©rfs

Que direi?
Quando, afinal,
Mas pedirem?

Que equivoquei-me,
Quando fingi não ver o erro?
Que me pareceu o Sol,
Numa noite de cerro nevoeiro?
Que o abismo não se via,
Quando a cegueira enxerga?

Que poderei dizer?
A mim mesmo.
E aparente justificar
O Injustificável.
E que a Voragem
Não deixou.

sábado, março 15, 2008

E?

dry ©rfs

E
se o Mundo
não fosse
sede,
fulgor,
e
arrepio?

Seria mundo?

Ou
um deserto,
Àvido de sol,
dorido de frio?

domingo, março 09, 2008

raios

recorte ©rfs

Os raios de Sol,
neste Inverno,
tem dois nomes.

Contraditórios.
Ambivalentes.
Equívocos.
Cândidos.
Perenes.
Reais.
Justos.
Significativos.

São sombras
Dos rastos de luz
Que já virou
o Horizonte. ©

sábado, março 01, 2008

Sempre! Aqui e agora!

green and blue ©rfs

Aqui e agora
Sou Eu.
Muito mais!

Lavado
Numa devastidão.
Torpedeado
Por incertezas.
Apaniguado
Por vãs rumos.
Dorido
Por insensatez absurda.
Esfrangalhado
Por martírios.
Desalmado
Por sofrimentos.

Aqui e agora,
Sou Eu.
Muito mais!

Com um fio de réstea,
Nas minhas mãos.
Com um nó de brilho
Nos meus olhos.
Com persistência
No meu querer.
Com um limiar de vontade
Indomável de Ser.
Para mim
e para os que me São.

Sou Eu!
Diferente,
Muito Diferente!

Com um pedregoso caminho
para bater.
Com uma dolorosa caminhada
Para iniciar.
Serei sempre Eu!
Diferente.
Sempre diferente.
Porque Eu sou
só a minha Consciência.
E só Ela me vela
E só Ela é a minha lua
E rumo.
Sempre!
Aqui e agora!

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Não será!

David M. lejapon.fr

Neste infortúnio,
que sou
e que em sorte
sempre me sai,
já nada sei.

Nem sei
Que sou,
que pareço ser,
que devo ser,
que devo parecer ser.

Neste infortúnio,
feito rotina
e frugal horizonte,
só resta a certeza:
não é.
Não será!

sábado, fevereiro 09, 2008

neste não instante

George Kourounis stormchaser.ca

Não, não!
Puro equívoco,
atroz engano,
dolor fingir,
salvífica bondade.

Não! Jamais
"Haverá sempre uma janela aberta",
ou "Claridade".
Não mais
"Haverá sempre céu limpo",
e "Sempre luz".

No cortante,
ensurcedor silêncio,
o meu negro breu
é decoração do céu.
Neste não instante!

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

nem era

Claudia Perroti Multiply


Que farei?
Aqui
e agora.
Nesta tormenta,
de torpor,
surdez,
mudez,
e cegueira.
Implacável.
Impregnada.
Irredutível.
Irremovível.

Que farei?
Se não ouço,
prescruto,
não vejo,
não sinto.
Nem embalo
na voz,
doce,
do teu,
silêncio.
Que meu
nem era.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Aquecia.

no one ©directriz

É como o frio
no pico do Verão,
que fere,
mata,
esquarteja.

É como o Sol
no agreste Inverno,
que não aquece,
não amornece,
não dá vida.

É Primavera no Outuno.
Não floresce
não brilha,
nem rejuvenesce.

É assim o não ser
do que nada era.
Mas que aquecia!

Já saudade

José Bandeira O Efeito Gorskii

Jogar-me-ei!
Nas nuvens,
de pesar e de surpresa,
e, silentemente,
aguardarei.

Que se desvaneçam
e se esfumem.
No mar do esquecimento
e na tormenta bruma.

As dúvidas
e incertezas
de um Adeus,
Já saudade.

No Universo!


Hoje, Ontem, Amanhã,
jamais terei,
Dentro de mim,
uma luz de estrelas,
um luar de brilhos,
cadentes e crescentes.

Hoje, Ontem, Amanhã,
Jamais terei,
Dentro de mim
Uma vastidão de nada
Um vazio de sombras
Frio e escuro.

Não terei um mar ondulante
E marés de paz.
Em mim brigará sempre,
Um revolto ser,
Imberbe magia
E eterna Saudade.
Na sombra que ilumino.

Em mim brigará sempre
Um revolto ser que se quer elevar,
Numa sentida curiosidade,
Numa eterna felicidade.
Na vastidão de um nada
Que tudo é...
No Universo!

Texto e foto: parceria com Raiz de Carla, autora dos 2º e 4º estrofes.
Publicação conjunta com o Conjunto C

domingo, fevereiro 03, 2008

Senhora e Menina.

MJA

Este meu horizonte,
Feito de sombras,
Consumido de iluminárias,
Alimentado de imaginação
E postergado de realidade,
Tudo parece ser.
Mas nada é.

À míngua de vislumbres,
De nadas que tudo são,
De tudos que nada serão,
Na penumbra da ausência
E ao arrepio da presença,
É tudo o que não é.

Este meu horizonte,
Gizado por cegos olhares,
Por surdos estares,
Invisíveis sorrisos
E cumplices torrentes,
É, afinal, Simpatia,
Senhora e Menina!!!

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Nas tuas linhas


É nestas linhas que me perco

Neste pedaço de língua em que mergulho

E me perco

As palavras entram-me pelos olhos

Como que para acalmar o espírito

Como que para me aconchegar

Como que para me fazer ver

É nestas linhas que me perco

Nas linhas do teu Ser

Da tua existência

Nas tuas linhas

Poema e foto: Raiz de Carla Conjunto C.

A quem O meu enleio reconhecidamente agradece.


domingo, janeiro 20, 2008

Na Paz que persigo.

Serpa Madalena Palma Madfotos

O meu ver
É um icebergue.
Envolto de nevoeiro,
No mar cinzento
da minha Memória.

É uma âncora,
De ferro esculpido.
À mão da tua Saudade
E ao suor do Teu nome,
Sempre em mim.

É um quebra-gelos,
Monstruoso e gélido.
No desnorte
Da minha existência.

O meu ver
É uma luz e sombra,
Baça, ténue,
Morna.
Persistente e determinada.
Na Paz que persigo.

domingo, janeiro 13, 2008

Surdamente!

Se as lágrimas,
Translúcidas
E dessalinadas,
Te falassem!!!

O Céu se abriria,
As nuvens Sol seria
A noite Dia iluminaria,
O Luar se eterneria,
E maresia existiria.

Salinada,
Agridoce,
Gustativa,
Apaladada,
Sentida,
Tacteada!

Mas elas,
Óh, Malditas!,
Nada expressam.
Nem me vertem!
Surdamente!

sábado, janeiro 12, 2008

nem de conta farei.

Seal Colony Robin Capper RobiNZ Blog

farei de conta que não sei.
farei de conta que, não sabendo, não sei.
farei de conta que, mesmo sabendo, nada sei.
farei de conta que, tudo sabendo, tudo não sei.
farei de conta que nem de conta farei.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Nem Verbo existe, jamais.

José Bandeira O efeito Gorskii


Quando se descerra os lábios,

E, querendo monossilabar,

Saí só – forçadamente – um Vazio.

Caústico e mudo.

Infinitamente maior que eu próprio.

Acompanhado de um esgar.

Que paraliza, músculo a músculo,

Célula a célula do que sou,

ou penso ser, inutilmente.

E de um enevoar, feito negrume,

de horizontes de milímetros.

De inultrapassáveis distâncias,

Ao alcance dos meus dedos.

Quando só assim se descerra

As entranhas de uma Alma,

Nada somos!

E nem Verbo existe, jamais.

domingo, janeiro 06, 2008

este.


pedem-me que fingidor seja.
pedem-me que irredutível seja.
pedem, assim, que não seja.
estranho pedir, este.

foram... gotejos.

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