quarta-feira, dezembro 29, 2010

Do teu sorriso


Empunho,
sem o saber,
uma Luz,
que não me pertence,
nem meu fardo é.

Qual incandescência,
ilumina a ausência,
relativiza a presença,
absoluta, total
e omnipresente.

Qual luminária,
faz erguer no horizonte
a tangibilidade que sou,
em noite iluminada,
pela Lua cheia,
que não se põe.

Luz,
multicolor,
que mesmo o vagar do tempo
contempla na alma,
do teu sorriso.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

ainda


Queiras!

Simplesmente, 
queiras.
E tanto chega,
e chegará,
ao horizonte,
que não alcanças.
Divisarás
a penumbra
que te cobre,
  luz que te despe,
filha de luz,
renascida,
que não se põe.


Queiras!

Entrelaçar-te,
de mim,
nos teus dedos,
brilho,
que te esconde,
leveza,
que te retem,
asas, 
que não voas,
Luz,
que não me dás,
flor de inverno,
que ao Equador não vai.
Ainda.

sábado, setembro 25, 2010

De ti, sem ti.



Quisesse eu tomar-te,
em mim,
parte de mim,
que já não me pertence.

Aconchegar-te,
no sofrimento e angustia,
Silenciosa e solitária,
revelada por um rio,
de gotejos inauditos,
germinados
no infortúnio do desejo,
e desaguados na estreiteza,
 que somos.

Aconchegar-te
para trazer,
além da pele
e dos sentidos,
a Alma que és,
no fardo que se revela,
Tudo de ti,
sem ti.

sábado, setembro 11, 2010

Já floresce


Não te olvides.
Com suavidade na veludez,
crua doçura,
nas pétalas,
que agregas,
e nos espartilhos de Luz,
que expandes.

Não te olvides,
nem postergues:
Hoje transparências és,
e elas te são,
moldadas à mão de ferro,
em barro nú,
dum sorriso frágil
à guarda dum Ser, 
alma de margaridas,
penumbras e solistícios.

Lembra-te,
Hoje é vertigem ,
amanha arrepio.
O Sul Norte,
Desconstruir plantar.
 O perfume,
que já floresce.

quarta-feira, agosto 25, 2010

no title.



Já nenhuma expressão ou grito

me pode demover.


Do Mar, em que me afogo

e só afogando vivo.


Do Sangue, em que me esvaio

e sem ele penso rejuvenesçer.


Da Saudade, minha boa tortura

e sentir crú e cruel.


Da Identidade, a que já não me apego,

e luz que silentemente se esvai,

no horizonte que não vejo nem sinto.


De Nada, Tudo que não é,

e que mantenho num lumbre,

dum aconchego já gélido, que amornece.

terça-feira, agosto 17, 2010

Nem se a mata


Alcanço-te num ápice.

À distância que não és,

materialidade enredada,

ilusão omnipresente.


Tomo-te por inteira.

Esquartejada e delapidada,

serenidade que era,

explosão de Saudade,

Que não quer morrer

nem Se a mata.


quarta-feira, agosto 11, 2010

Singular plural


Eu,
que nada sou,
quero ser conjugação,
num plural de ti.
Transmutação
de ADN uno e indivisível,
que matriz seja,
duma quietude velada
de paz etérea
de esgares feitos de respirares,
sófregos e docemente húmidos,
meu singular plural.

sexta-feira, julho 23, 2010

Sabes?




Sabes,

seguramente sabes,

porque eu próprio não sei.

De cego não passo,

de surdo não chego

e de mudo serei,

porque já é assim,

não sendo jamais.


Sabes,

que da dor farei alegria,

da presença distância,

das lágrimas gotas de champanhe,

da secura artificios de prazer,

regando tua alma,

velada já pela saudade

e esquecida pela veludez.


Sabes,

que no aconchego das minhas mãos,

caberá cada pó de areia,

do deserto que pizes ou esmagues,

e de cada deserto teu,

que em meu se transmutou.


Sabes,

Afinal, quero que saibas,

que no deserto que expando,

na luz que, de vez em quando, baça torno

e no mar que se agiganta,

és.

Sabes?


terça-feira, maio 04, 2010

sábado, março 20, 2010

Que minha é.


Na geografia,

nos recantos meus,

que adivinho,

perco-me.

Fatalmente.


Nos traços,

de inocência,

que quis eterna

e que imagino.

E alimento.


Na sombra fina

dum perfil,

na candura

dum Ser.

Que é.


Na memória,

de amendoas doces

e em veludez,

dum esgar,

já saudade.


No meu norte,

perdi-me.

Na luz azul,

da penumbra

da ausencia,

que minha é.

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