domingo, setembro 20, 2009

Só no plural


Dias a fio,

hoje e ontem,

e antes de ontem,

tanto mundo

te segredaria,

infinito sentir

te velaria,

aninhando,

em silêncio,

e no torpor,

à luz,

azul celeste

que me anima,

do raiar

dos teus olhos.


No amanhã

de hoje e de ontem,

jamais.

Singular que és.

E se até o tango

só no plural embala.

sábado, setembro 19, 2009

E pareces


Na crueza,
na frieza,
no devaneio,
na ausência,
e na cegueira
e insensatez,
continuas.
A perdurar,
qual seiva,
venenosa,
doce,
e irresistível,
fonte insane,
de loucura
e sabor.
Assim és,
e pareces.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Não conjugo


Não te conjugo,
tempo verbal.
Quase adivinho,
teus passos adocicados,
no chapinhar da maresia,
nús de secura,
carência húmida de sal,
sabor perene,
sede infinita.
Quase prescruto,
teus sussuros,
que tudo expressam,
mas não falam,
e tudo me dizem,
já saudade.
Quase tacteo,
nas pontas dos olhos,
qual virgem pele,
sôfrego sentir,
sereno esgar,
minha paz,
já adormecida.
Sem tempo,
só modo há,
e por verbal seja,
não me conjugo.

sábado, setembro 05, 2009

Não terei


Já antes,
sou.
Já depois,
serei.
E presente,
qual volúpia,
agridoce,
ausência,
imagem,
esculpida,
de ânsia,
e menta,
não terei.

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