sexta-feira, julho 23, 2010

Sabes?




Sabes,

seguramente sabes,

porque eu próprio não sei.

De cego não passo,

de surdo não chego

e de mudo serei,

porque já é assim,

não sendo jamais.


Sabes,

que da dor farei alegria,

da presença distância,

das lágrimas gotas de champanhe,

da secura artificios de prazer,

regando tua alma,

velada já pela saudade

e esquecida pela veludez.


Sabes,

que no aconchego das minhas mãos,

caberá cada pó de areia,

do deserto que pizes ou esmagues,

e de cada deserto teu,

que em meu se transmutou.


Sabes,

Afinal, quero que saibas,

que no deserto que expando,

na luz que, de vez em quando, baça torno

e no mar que se agiganta,

és.

Sabes?


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